Novidade sobre a terra

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Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belo (GO)

Isaías é o profeta do Advento. Com ele superamos a antiga lamentação do tempo em que a esperança do mundo ainda era buscado no mundo.

Uma quebra de horizonte no horizonte repetitivo daqueles que buscavam a vitória à semelhança dos seus adversários.

Deus, que tantas vezes foi chamado de Senhor dos exércitos e das batalhas encontrou um modo novo de fazer acontecer o seu Reino. Isaías é o escolhido. Abandona a antiga retórica de uma vitória apocalítica, e em seu lugar inaugura a narrativa escatológica. O evento que virá de fora da história é o que mudará a história. Não será a própria a história a se cumprir, mas uma novidade irá distorcê-la até o seu limite.

Isaías entrevê a sua mudança, diz ele - “não haverá morte por todo o meu monte santo” (Is 11,9).

As virtudes também são desvirtuadas. Espada, lança e guerra não são mais objetivos da narrativa escatológica de um futuro imprevisível.

Aposta-se alto mesmo sem saber como realizar. Mas não tem problema, porque o próprio “Espírito do Senhor repousará sobre nós” e com sabedoria e discernimento testemunharemos esse mundo novo.

Tudo isso, contudo, ainda era pouco. Nem Isaías ousou sonhar o que estava para acontecer. Nem ele ousou pensar que Deus fosse capaz de rasgar a história ao meio para adentrá-la e se fazer um de nós.

Nem ele ousou pensar que Deus fosse capaz de ousar tanto. De entrar no mundo de maneira tão humana, a ponto de muitos desconfiarem de sua divindade.

Servo sofredor, homem acostumado ao sofrimento e as dores. Pensávamos que fosse por causa de seus pecados que sofria, em vez era pelo nossos. É com ele que Jesus se identificará tempos mais tarde. Mas o seu exórdio preferiu outra narrativa.

O mundo que há muito se condoía como uma cana rachada e uma luz que ainda fumegava a duras penas é amparado por duas mãos que lhe protege de ambos os lados. A cana rachada é atada e ungida com o bálsamo divino do cuidado e da ternura, até que esteja totalmente refeita. Depois disso receberá mais.

É ainda o começo dessa longa história de amor. Cada dia acrescenta-se mais um versículo, e a narrativa cresce. Deus no mundo não quer somente que fiquemos curados. Isso é bom, mas ainda é pouco. A terra que era deserta deve florescer como um lírio. Ai tudo estará concluído.

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