Jesus e os samaritanos

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Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Com certa recorrência Jesus se confronta com a questão dos samaritanos. Em tempos como os nossos, quando vemos, mais uma vez, palestinos e Israelenses no furor da guerra, divisões por toda parte; também em nossas realidades regionais e nacionais, o jeito evangélico de afrontar a questão pode nos inspirar a todos. 

Para começar, o estupor causado nas narrativas de Jesus, que sendo Ele mesmo Judeu, como bem nos lembrou a samaritana, concluem-se sempre pendendo para os samaritanos. 

Jesus bem sabe em seu coração que categorias abstratas não define a condição real de uma pessoa. 

Essa é só uma tentação maligna de achar que os bons estão de um lado e os maus do outro. Geralmente uma imagem representada em antítese a outro grupo, onde cada qual se define do lado certo. Por esses desdobramentos podemos dividir as pessoas infinitamente, até que não sobre mais ninguém de pé. Uma desagregação geral que aniquila qualquer possibilidade de cooperação e fraternidade. Aniquilação e desagregação é o outro nome do mal. 

O jeito de Jesus resolver as coisas é diferente. Ele jamais trata os samaritanos como um coletivo ou categoria, mas identifica pessoas samaritanas que são capazes de viver e dar exemplo de bondade e compaixão. 

Numa das mais belas passagens do Evangelho, Jesus nos conta como um Samaritano foi capaz de amar até o seu próprio inimigo que jazia por terra, após sofrer um assalto. Nos conta que ao ver não um judeu, mas um homem que precisava de ajuda ele se condoeu, e abrindo mão de seus próprios bens, salvou-lhe a vida (Lc 10,25-37). 

Em outra passagem, ainda mais significativa, após restituir a saúde a dez leprosos, apenas um voltou para agradecer, e esse era samaritano, como bem nos lembra o Evangelho em sua simplicidade (Lc17,18). 

Em ambos os casos e de ambos os lados, Jesus se nega a classificar pessoas como se fosse uma classe, um coletivo sem nome que aparece em visões alargadas que deformam a santidade do ser. 

Não são países, ideologias ou raças que contam na perspectiva de Jesus, mas sim, mulheres, crianças, doentes, infortunados e sofredores, são pessoas! Todas elas têm um nome, uma história que se desenrola no tempo, e que precisa ser protegida e possibilitada, sob pena de não prosperar. 

A saída promissora, portanto, para os grandes e pequenos conflitos que o mundo se encontra, ainda está contida na simplicidade do Evangelho que nos manda olhar, antes de tudo, e de qualquer outra coisa, às pessoas, e não categorias e conceitos. 

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