O discernimento se faz a caminho

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Amados irmãos, ninguém pode arrogar-se o direito de escolher o ministério presbiteral, com base unicamente em suas aspirações. A avaliação da autêntica vocação deve levar em consideração também as aptidões objetivas do candidato. Por isso a preocupação com as vocações sacerdotais deve estar no centro do amor de cada cristão pela Igreja. Por isso a dimensão vocacional sempre foi algo tão importante em nossa Diocese.

A Pastoral Vocacional é fruto de uma sólida pastoral de conjunto, que inclui as famílias, toda a paróquia, as escolas etc. Todos nós somos responsáveis pelas vocações em nossa Igreja: Bispo, presbíteros, religiosos, família, pastorais, comunidades, grupos, movimentos, escola, seminaristas…

Entretanto, em cada Forania da nossa Diocese há um Padre responsável pela dinamização vocacional, formação e acompanhamento espiritual, e isso é algo maravilhoso. Mas além desses Padres, há uma equipe de formação estruturada, da qual fazem parte nosso Bispo Diocesano, Dom Lindomar Rocha e os padres da equipe formativa: Pe. Ozaine, Pe. Carlos Gouvea, Pe. Laurito e Pe. Márcio Jean. Para dizer que temos uma estrutura de apoio muito boa, graças a Deus, para formar e acompanhar as iniciativas de animação e acompanhamento vocacional em nossa Diocese. Contudo, estamos todos juntos nessa missão, afinal, somos todos chamados a rezar uns pelos outros.

Vale destacar que “se a pastoral das vocações nasceu como emergência ligada a uma situação de crise e de indigência (de extrema necessidade) vocacional, hoje não pode ser pensada com a mesma precariedade e motivada por uma conjuntiva negativa, mas – ao contrário – aparece como expressão estável e coerente da maternidade da Igreja, aberta ao plano irrefreável de Deus, que sempre nela gera vida” . Ou seja, não precisamos trabalhar na PV porque estamos carentes de Padres e Religiosas, mas devemos trabalhar na PV porque é natural de nossa fé. O que? Responder ao chamado de Deus. Todos nós somos vocacionados! Primeiro à santidade, pela vida cristã, e depois a uma vocação específica.

Na Igreja temos várias vocações:
✓ as gerais: à Vida, à Santidade e à Missão;
✓ as específicas: ao Matrimônio, à Vida Religiosa e ao Sacerdócio.

O grande objetivo é colaborar com o discernimento vocacional. Como nos diz o Papa Francisco em sua Exortação apostólica Christus vivit, discernir a vocação “é o esforço por reconhecer a própria vocação” (CV 283). Trata-se de um esforço que requer espaço para silêncio orante e reflexivo, bem como a elaboração de questionamentos importantíssimos, como esses:
✓ “Conheço a mim mesmo, para além das aparências ou dos meus sentimentos? Sei o que alegra ou entristece o meu coração? Quais são os meus pontos fortes e as minhas fragilidades?
E, logo a seguir, vêm outras perguntas:
✓ Como posso servir melhor e ser mais útil para o mundo e a Igreja? Qual o meu lugar nessa terra? O que eu poderia oferecer à sociedade?
E surgem logo outras muito realistas:
✓ Tenho as habilidades necessárias para prestar este serviço? Em caso negativo, poderei adquiri-las e desenvolvê-las?” (CV 285).

Em suma, “um bom discernimento é um caminho de liberdade que faz aflorar a realidade singular de cada pessoa, aquilo que é tão seu, tão pessoal, que só Deus sabe” (CV 295) e aos poucos Ele mesmo vai te revelando. Nesse sentido, “devemos suscitar e acompanhar processos, não impor percursos. Trata-se de processos de pessoas que sempre são únicas e livres” (CV 297). Importa termos a consciência de que a entrada de um jovem aos nossos Seminários ou em qualquer casa de formação não se dá sem um adequado acompanhamento. Leva-se tempo e, conforme o ditado popular, “a pressa é inimiga da perfeição”. Trata-se de um dom a ser discernido não só quanto a autenticidade do chamado, mas também quanto as capacidades de cada vocacionado em responder a esse chamado. “O dom da vocação será, sem dúvida, um presente exigente” (CV 289).

De vocacionado para vocacionado, não tenha medo de dizer SIM a Deus e à Igreja. Não tenha medo de empreender uma caminhada de discernimento vocacional. De fato, há sempre o risco de se surpreender… de descobrir, numa curva ou outra, que sua vocação não é aquela almejada. Mas vos digo: não há o que temer! Importa justamente isso, discernir… descobrir a vontade de Deus para nossas vidas. Como nos diz Santo Agostinho, “fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti”. Discernir a própria vocação é descobrir a vontade de Deus para si… é como um repousar em Deus, na vontade de Deus para si. A alegria dessa realização é sempre fonte de força, ânimo e esperança, pois o Espírito Santo é quem faz acontecer.

O jovem São Luiz Gonzaga e a doce Mãe da Santa Esperança são nossos acompanhadores nessa caminhada rumo ao céu. Bendito seja Deus por isso. Um santo discernimento vocacional para todos nós!!!

Padre Laurito Nazaré Alves Deliberto
Coordenador Diocesano da Pastoral Vocacional

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