Trabalhador e dignidade do trabalho

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O trabalho é o modo digno de construir o mundo e colaborar para a vida de todos.

Hoje no dia de São José operário, ele que com sua profissão manteve a santíssima Mãe do Salvador e o próprio Salvador, deixa uma memória perene da atividade humana e do trabalho como inerente a natureza de todos.

Por isso, é também preocupante quando vemos o lucro e o capital colocados a frente das necessidades das famílias, do sustento digno e decente das pessoas, e, principalmente, o enorme número de desempregados pelo mundo.

O desemprego inflige na natureza humano uma ruptura perversa que diminui a pessoa e a incapacita em suas possibilidades de contribuir para o bem da humanidade.

As causas do desemprego são muitas, mas neste ano de pandemia vemos com redobrada preocupação o número que se alarga, sem, contudo, podermos contemplar um plano articulado para acudir a situação.

É através do trabalho que as pessoas se tornam produtivas. Garantem o seu sustento e o sustento de outros. A escassez de trabalho digno, portanto, reduz a pessoa, contra a sua vontade, à dependência e a mendicância.

O acento sobre o trabalho digno é essencial para que possamos refletir adequadamente esta natureza. Trabalho digno pressupõe as condições para que o trabalhador possa suprir, através de um razoável esforço, as suas necessidades e as daqueles que dele depende.

O trabalho que só permite a sobrevivência não é digno. O salário que só permite a sobrevivência não é digno. A dignidade pressupõe muito mais que a sobrevivência, exige também um viver bem. Contribuir para a humanidade e para si mesmo, desfrutando do resultado do seu trabalho.

Como Bem nos ensina São João Paulo II, na introdução da Laborem Exercens, é mediante o trabalho que o homem deve procurar-se o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos.

Um trabalho que alcance o justo compenso pela atividade desenvolvida é o que devemos almejar. Formação às novas áreas do conhecimento como uma política de Estado, a diminuição entre os salários mínimos e os máximos, principalmente na esfera pública, equidade salarial sem distinção de sexo ou cor, redução das desigualdades sociais... são coisas que nos colocam no rumo de uma imensa jornada, mas urgente em suas resoluções, sob pena de ficarmos ainda mais exteriorizados do mundo.

Refletir sobre o dia do trabalhador é, sobretudo, um ato de fé na capacidade humana de resolver dificuldades, mas também uma esperança que o Deus que tudo provê possa nos ajudar nesta inquietante missão.

Forte abraço a todos os trabalhadores!

Dom Lindomar Rocha
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

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