Embora os eventos se dêem no tempo, o que aconteceu em Nazaré nele não pode ser descrito nem contido.
O advento não é um tempo, é um acontecimento, um ereignis que mudou para sempre a história e o mundo.
Um tempo é algo que se desenrola do mesmo modo e sobre o qual pesa a repetição e a circularidade, indo adiante como algo previsível e até tedioso. Por isso, o Antigo Testamento teve que testemunhar o salto que a história deu com um grito de espanto e de estupor, ao afirmar que Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam (Is 64,3)
O evento irrompe no tempo, mas o tempo não o contém, porque é maior do que ele, e mesmo assim acontece. Espreita no impossível e faz o que ninguém fez até então! Olhos não viram nem ouvidos ouviram porque o que Deus faz não está no tempo, mas vem da eternidade.
Eternidade e tempo juntos no mesmo acontecimento é a expressão maior desse Deus que faz por nós o que só ele pode fazer. Esse é o espanto do profeta Isaias ao vislumbrar um acontecimento maior que a sua esperança.
Não há como se preparar! O acontecimento só é percebido quando entra no horizonte do tempo, mas sendo maior do que ele pode vir de qualquer lugar. A recomendação então, não é esperar, mas vigiar, porque ninguém sabe a hora nem o lugar.
No advento a recomendação é permanecer vigilantes. A vigília acontece concretamente no cuidado com as obras, na coesão entre palavra e ação, e, sobretudo, no agir no tempo como se estivesse na eternidade. A caridade e a compaixão testemunham a vigilância dos cristãos que vivem no tempo, mas apostam na eternidade.
A vida dos seguidores de Cristo é espera que vigia. Enquanto esperam vivem no tempo, mas, enquanto vigiam, acostumaram-se com a eternidade, razão pela qual repetem: ninguém jamais fez por nós o que Tu fizeste.